segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Rescaldo do jogo com o Braga

A arbitragem

Saí do estádio e cometi o erro de ligar o rádio para ouvir as entrevistas rápidas na RR. Enquanto jogadores e treinadores não chegavam ao local das entrevistas rápidas para fazerem as suas declarações, os cavalheiros de serviço na emissora católica nacional deram nota 1 a Xistra por, segundo a sua opinião, o árbitro ter beneficiado de forma clara o Sporting. Concordo com a nota mas, no cômputo geral, não se pode dizer que o Sporting tenha sido beneficiado de uma forma clara. 

O grande erro do jogo foi, obviamente, o golo anulado ao Braga. Com a existência de VAR, é inaceitável que aconteçam situações destas nos lances de dúvida de fora-de-jogo - o árbitro deve deixar sempre seguir mesmo que o fiscal-de-linha assinale a posição irregular, e depois reavalia-se pelas repetições se for golo. Pouco depois, há um penálti sobre Podence - de que não me apercebi no estádio -, mas que, recorrendo às imagens, o VAR também podia ter assinalado. Doumbia fez falta segundos antes do penálti sobre Alan Ruiz, mas este é um erro que, na minha opinião, é desculpável, porque existem n casos destes em todos os jogos que são assinalados (ou não) de forma errática. Depois ainda houve a questão disciplinar: Esgaio fez faltas para amarelo suficientes para não acabar o jogo, e André Pinto devia ter visto o segundo amarelo quando comete uma falta junto à grande área do Sporting, aos 93', quando o resultado estava em 1-2.

A arbitragem foi péssima, no geral o Braga tem mais razões de queixa - pelo que considero que o Sporting foi beneficiado -, mas não foi o roubo de igreja que andam para aí a querer vender. E está muito longe de anular os benefícios que outros têm tido desde que o campeonato começou.


A exibição

Os senhores da RR também disseram que o Braga fez uma exibição muito superior ao Sporting e que, como tal, o resultado acabou por ser muito injusto para os minhotos. 

Concordo que o Sporting fez um jogo pouco conseguido, mas é absurdo dizer-se que o Braga tenha feito melhor. Na primeira parte, Rui Patrício foi um mero espectador, e os únicos calafrios por que passou surgiram a partir de desatenções de jogadores nossos. Nos primeiros 75', o Braga teve uma única verdadeira oportunidade - a do golo anulado -, enquanto o Sporting teve várias: no início, Bruno Fernandes (após grande passe de Dost) surge na cara do guarda-redes e define mal; ainda durante a primeira parte, Matheus teve uma brilhante defesa a cabeceamento de Coates e outra boa parada de um livre de Bruno Fernandes; na segunda parte, Dost atira à malha lateral após cruzamento de Jonathan; e, poucos minutos depois, o holandês marcou o golo. Neste período, repito, o Braga teve uma ocasião para marcar. Com o resultado em 1-0, Abel finalmente arrisca, e só a partir dos 75' é que o Braga começa a ameaçar a baliza de Rui Patrício: Gelson tira de forma brilhante uma oportunidade de golo a Esgaio; Fransérgio escapa a André Pinto e faz um remate que sai próximo do poste; e depois surgiram os dois golos do Braga, com uma oportunidade perdida por Doumbia pelo meio.

Olhando exclusivamente para o futebol jogado, só quem não viu os primeiros 75' pode dizer que o Braga mereceu ganhar.


Jesus e as lesões

É uma pena que o Sporting tenha consentido este empate após ter tido uma prestação bastante satisfatória neste complicado ciclo de jogos que agora terminou. Ontem, Jesus foi forçado a fazer mais duas substituições devido a lesões. O melhor período do Braga coincide com uma fase em que o Sporting tinha de fora mais de meia-equipa habitualmente titular: Piccini, Coentrão, Mathieu, William, Acuña e Dost. Parece haver, efetivamente, um problema de gestão física dos jogadores do Sporting. A rotatividade (não me refiro a trocar quatro ou cinco jogadores de cada vez, mas sim em ir fazendo mudanças pontuais no onze para gerir fisica e psicologicamente o plantel) tem sido feita em função das lesões, quando, na realidade, devia ser feita de forma a prevenir lesões. 

Jesus tem de rever a estratégia que tem seguido. O próximo ciclo terá 9 jogos num espaço de 35 dias e poderá definir o futuro do Sporting em quatro competições. Está visto que não temos plantel para ir a todas, pelo que as prioridades deveriam estar bem definidas: campeonato e Taça de Portugal à frente de todas as outras.